segunda-feira, 15 de novembro de 2010

CORPORATIVISMO FAMILIAR

Vivenciamos na semana passada o rombo de R$ 2,5 bilhões do Banco Panamericano, do empresário e comunicador, Silvio Santos. Dono de 34 empresas, de emissora de televisão a empresa de cosméticos, de lojas de varejo voltada para a classe C a hotel de luxo no Guarujá. Sendo SBT, Jequiti, Baú Crediário, Tele Sena e Panamericano as principais do Grupo Silvio Santos.

Com um conglomerado de empresas de tirar o chapéu, a única que o "homem do baú", como é conhecido, acompanha de perto, é o SBT. Como ele mesmo disse: "Quando tenho dinheiro, abro uma empresa no Brasil. Mas não sou obrigado a ficar sabendo onde é a empresa. Pago os profissionais e eles têm que me dar resultados. E, às vezes, falham."

Acredito que o erro não está em contratar pessoas para presidir as empresas. O erro vem de resultados semelhantes ao do ex-presidente do Banco Panamericano, Rafael Palladino, contratado primeiramente por ser concunhado e ser de confiança. O próprio mercado financeiro não enxergava em Palladino um executivo preparado para comandar um banco.

Após todo o acontecido, Silvio Santos informou que vai fazer uma vistoria em todas as empresas para verificar os cargos que familiares ocupam. Que não são poucos.

Diferente de Silvio Santos, que não acompanha de perto todas as empresas, além do mais, fazem delas como "cabide de emprego". Temos exemplos brilhantes de empresas familiares brasileiras que vem mostrando competência na hora de passar o bastão para o sucessor.

É o caso da Casas Bahia, que tem atualmente Rafael Klein como presidente da empresa resultante da fusão com o Ponto Frio. Rafael é o terceiro da geração dos Klein. Mas antes de ocupar o cargo na presidência, o jovem líder foi preparado pelo seu pai e pelo avô, tendo que trabalhar fora do Brasil em empresas distintas ao da família e conhecendo todos os departamentos necessários. Para então ocupar o cargo mais alto de uma empresa.

Exemplo semelhante ao da Casas Bahia é o da Odebrecht. Hoje quem ocupa o cargo de presidente do maior conglomerado de engenharia e construção do país, é o neto do fundador da empresa, Marcelo Odecrecht. Nas últimas duas décadas, ele foi cuidadosamente preparado para o posto. Passou por quase todas as áreas de negócio do grupo desde que se formou em engenharia civil.

Um caso completamente diferente de todos os citados é do 3G Capital (Inbev, Lojas Americanas, CSX, ALL, Ambev, São Carlos e Burger King) , de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. Desde que os três tornaram-se sócios a política de trabalho seria de que nenhum parente trabalharia nas empresas do grupo. Pelo contrário, só esse ano estão sendo gastos R$ 20 milhões em cursos de qualificação para os seus funcionários.

Em uma entrevista que Beto Sicupira concedeu, ele disse: "Tendo familiares na empresa podemos tirar a vaga de uma pessoa que possa ser mais competente e até mesmo desestimulando o crescimento do mesmo".

Não é por acaso que o 3G Capital tornou-se uma potencia mundial.

Após alguns exemplos de gestões em empresas familiares, a lição que fica é de que as empresas tem que ter uma educação administrativa excepcional.


“O segredo de um negócio é saber o que mais ninguém sabe” (Aristóteles Onassis)

Lucas Moreira

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